Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? Jesus respondeu: “ Eu digo a você: Não até sete, mas até setenta vezes sete”. Mateus 18:21-22

Todos os sentimentos que não racionalizamos, percebemos ou exteriorizamos se transforma em doenças no nosso corpo.

Carregamos esses tormentos e assuntos mal resolvidos como alguém que arrasta pesadas correntes, mas claro, não percebemos.

Por muito tempo pensei que não guardava mágoas e que perdoara todos que precisava perdoar, mas na realidade a falta de perdão gritava dentro de mim todos os dias.

Perdoar é inteligente, mas não é fácil, muitos de nós não conseguimos nem saber ao certo o quê perdoar e quem.

Eu tinha dado perdão a quem tinha me ferido, mas não quem eu culpava por ser o agente causador do mal que eu sofri.

E a dor insuportável pelo corpo como uma fibromialgia era causada pelo fato de não saber quem eu precisava perdoar, demorei 20 anos para perceber que eu precisava perdoar a mim mesma.

Às vezes nós exigimos muito, nos culpamos pelo que os outros fazem conosco mas saiba que se você acreditou, apoiou, amou e recebeu ingratidão, a culpa não está com você e por isso perdoe-se.

Cada um dá o que tem. Você deu o seu melhor e assim deve ser.

O perdão é desculpar, é absolver o outro de toda culpa e por isso enquanto você se colocar no papel de vítima vai ser difícil perdoar.

Porque você não vai querer absolver, não vai eximir a outra pessoa do mal que causou a você, vai procurar vingança, vai querer retaliação, vai querer que o outro peça perdão a você.

Mas tente compreender que o perdão é silencioso porque precisa que você diga para você mesmo (a) “eu me perdoo e te perdoo”

O perdão não precisa de palco, você não precisa gritar aos quatro ventos na intenção de mostrar aos outros como você é bom, correto e justo.

O perdão é silencioso, é com você, perdoar não vai fazer da outra pessoa um ser correto e íntegro, não vai eximir a culpa do outro mas vai fazer de você uma pessoa livre.

Perdoar é libertar se, das dores, do passado, da culpa, é deixar o passado ir embora de uma vez sem chance de retorno.

Não precisa gostar de todos muitos menos conviver. É essencial que você conviva com pessoas que te façam bem, pessoas que te aceitam que te compreendam, mas o perdão é necessário para que você continue a sua jornada sem voltar ao passado a cada instante.

O não perdoar te aprisiona naquele momento de dor, te congela naquele instante em que você foi ferido, magoado, abandonado, traído é neste lugar que a falta de perdão te deixa refém.

A falta de perdão causa conflitos interiores, não é o externo, mas o interno que nos aprisiona e causa doenças por isso é tão importante e libertador que você reconheça o que precisa e quem precisa perdoar e o faça sem arrependimentos.

Vamos ao nosso questionário?

1) Porque para você perdoar é tão difícil?

2) Qual fato na sua vida que você gostaria de perdoar?

3) Se pudesse estar diante da pessoa que precisa perdão, o que você

diria?

Feche seus olhos e imagine que está pessoa está na sua frente e diga em voz alta ou para você mesmo e sem medo tudo que você gostaria que ela soubesse:

“Eu te perdoo. Eu me perdoo”.

“A partir de hoje este ciclo está fechado em minha vida, eu libero o perdão para quem precisar e sigo a minha jornada sem arrependimentos, sem mágoas e sem dor”

Os olhos têm o poder de dizer a verdade, eles são sim a porta da alma e durante toda a minha vida levarei seu olhar comigo. 

O olhar de amigo, de confidente, de felicidade e aprovação. As palavras não eram necessárias. Nos entendíamos assim e um dia sem te ver, era um dia perdido.

“O olhar amigo alegra o coração” Provérbios 15:30

Essa citação bíblica destaca a importância da empatia e do apoio mútuo, um olhar amigável pode trazer alegria e conforto.

E não existe nada mais acolhedor do que querer bem e ser querido, porque esse sentimento não tem limites, nem cobranças, muito menos compromisso.

O sentimento simplesmente existe.

Não importa o tempo, nem a distância, não importa os anos que ficam sem se ver ou conversar. O bem querer permanece latente e sacramentado no coração.

Ter essa afinidade é algo que existe quase como um segredo e ao mesmo tempo é tão obvio que nada precisa ser dito.

Não tem data definida nem idade para acontecer.

Mas quando acontece não tem como retroceder, há um encontro de personalidades semelhantes e este encontro é selado para sempre.

O mágico do “bem querer”’ é a falta de cobrança, é a aceitação do outro como ele é, é a confiança, o querer sem amarras, o querer sem precisar usar armadura, o querer sem rede de proteção.

Não eu não vou me ferir, não vou me machucar. O bem querer não permite isso, ele é livre de sentimentos egoístas, livre de julgamentos e preconceito.

Você pode ligar de madrugada que ele vai atender, não terá questionamentos. O bem querer irá te buscar seja onde for. Ele te resgatará. Segurará sua mão em tempos difíceis.

 Torcerá por você sem inveja ou ciúme e te defenderá do que for preciso. Vai ouvir com atenção, vai apoiar porque a empatia é um dos ingredientes desta relação.

Além da empatia o respeito é constante e a compreensão também assim como a cumplicidade.

São cúmplices e podem contar o que for, da mais infantil bobagem ao problema mais sério, ele estará lá rindo com você ou guardando seu segredo para sempre, as mensagens não visualizadas não são um problema porque não existe mentiras, nem artimanhas.

O bem querer não tem pressa, ele flui como o curso de um rio, e arrebenta barreiras se for preciso. Muitas vezes não tem finalidade romântica, e por isso talvez seja tão forte, é uma demonstração de afeto, estima, cuidado, amor despretensioso por outra pessoa.

Querer bem apenas se quer bem e nada mais.

É aquele “bom dia” que deixa sua vida ensolarada ou “boa noite” que te faz dormir melhor. O sorriso que faz a tempestade se tornar bonança. 

O meu bem querer faz parte de mim independentemente de onde eu vá ou o que me torne.

Ele está comigo. Porque vivemos momentos únicos, momentos mágicos da nossa infância e adolescência, fomos em lugares que já não existem mais e permeiam apenas as nossas lembranças, compartilhamos músicas que dançamos em uma década que parecia ser só nossa.

Porque existe algo em nós que se chama refúgio, que nem o tempo, nem a vida, nem a dor e nem mesmo a morte irá apagar.

Porque pertencemos.