DESCUBRA SEU VALOR
Reaprendendo a Dar e Receber com Consciência
Durante muito tempo da minha vida eu acreditava que precisava estar sempre me doando para os outros, sempre dando o meu melhor, mesmo que não recebesse nada em troca e que isso era o certo a fazer, pois “era o meu jeito de ser” e “tava tudo bem”. E de verdade, estava sim tudo bem, por um tempo, mas aí, um certo dia eu “acordei” e estava infeliz, insatisfeita, vazia e o pior sem entender o porquê.
O que o outro me devolvia já não era mais “suficiente”. Culpa do outro? Minha? Certamente de nenhum dos dois, como dito por Pablo Neruda: “Nós, os de então, já não somos os mesmos”. Crescemos e amadurecemos todos os dias naturalmente e podemos potencializar essas mudanças através do autoconhecimento.
Mas às vezes, estamos tão perdidos dentro de nós mesmos e tão desalinhados com a nossa essência que não conseguimos perceber quando a nossa doação é excessiva e em muitos casos, fruto de uma carência infantil e necessidade de pertencer ao outro, de se sentir amada e de se fazer necessário.
É certo que a grande maioria das pessoas age assim por pura inconsciência e não podemos deixar de validar que o outro que recebe demais e doa migalhas também nem sempre age por maldade ou má fé.
O que ocorre em geral, embora saibamos que há exceções e pessoas cruéis, é que há uma linha que aproxima pessoas carentes e que doam demais, sem entender o seu senso de merecimento, daquelas que já entenderam que merecem (e às vezes, até excedem esse merecimento) mas que não estão dispostas a trocas afetivas.
Elas se acomodam aos cuidados, afetos e bajulações que recebem, afinal é confortável. É comum, inclusive, essas pessoas serem sinceras sobre o pouco que têm a oferecer ao outro e suas intenções. Porém, a questão é que se você não sabe o que merece, acaba aceitando “qualquer coisa” e vivendo em situações de desigualdade que podem se encaixar em qualquer área da sua vida.
Se você se identificou com essas palavras, não precisa se desesperar, existem saídas. Você apenas precisa ressignificar suas ações e pensamentos (e não estou dizendo que será fácil).
Reflita sobre seu valor e seu merecimento. Entenda que você merece receber amor e cuidado na mesma medida que oferece. Respeite suas próprias necessidades e estabeleça limites saudáveis.
Como disse Brené Brown, “Daring to set boundaries is about having the courage to love ourselves, even when we risk disappointing others“. (Ousar estabelecer limites é ter coragem de amar a nós mesmos, mesmo quando corremos o risco de decepcionar os outros) É no equilíbrio entre dar e receber que encontramos a verdadeira satisfação e plenitude. Comece essa jornada de autoconhecimento e resgate da autoestima hoje, reconhecendo que merecer não é egoísmo, mas um ato de amor-próprio.