A PAZ QUE PRECISAMOS: PRIVACIDADE!

23/12/2023 às 09h24
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O artigo 12 da “Declaração Universal dos Direitos Humanos” adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas estabelece que o direito à vida privada é um direito humano: “Ninguém será objeto de ingerências arbitrárias na sua vida privada, sua família, seu domicílio ou sua correspondência, nem de ataques à sua honra ou à sua reputação. Toda a pessoa tem direito à proteção da lei contra tais ingerências ou ataques”. No entanto, cada vez mais, temos a noção de sermos mais e mais invadidos, por todos os acessos tecnológicos que nos rodeiam. Desde as estradas que percorremos e que estão cheias de câmaras de vigilância do trânsito, aos locais públicos e às empresas, que colocam câmaras de vídeo para controlarem os seus funcionários ou as pessoas que circulam nos diversos locais e até mesmo na forma excessiva como somos controlados pelas redes sociais.

De acordo com as entidades de segurança, públicas e privadas, é tudo pelo bem da nossa segurança. No entanto, é na vida em casal ou em família que cada vez mais me dou conta do quanto as pessoas perderam a noção deste valor tão precioso chamado PRIVACIDADE.

Quando partilhamos paredes meias com alguém, seja qual for o grau de parentesco, precisamos zelar pelo equilíbrio, seja ele em convívio familiar ou de trabalho. Esta coabitação é algo que deve ser tida em conta, preservando acima de tudo o respeito pela individualidade única de cada ser.

No trabalho, temos de preservar o direito do espaço de cada colega, o seu material de trabalho e tudo aquilo que o envolve. Ou seja, não podemos e nem devemos passar a linha vermelha que vai invadir o espaço, a vida, a informação pessoal e toda a estabilidade emocional, física e profissional dos nossos colegas. Devemos, acima de tudo, respeitar a opinião de cada um, sem impormos a nossa e, com estes detalhes e cuidados, mantermos a paz laboral em perfeita harmonia, sejam quais forem as hierarquias.

Na vida a dois, a privacidade, é vital para se manter uma boa relação. Cada um de nós precisa de ter seu espaço, físico e emocional. O respeito pela nossa personalidade é, acima de tudo, o ex-libris chamado código de ética da vida a dois.

Quando um casal começa a trocar senhas de e-mails, de Facebook, telefone, abertura de correspondência, está a abrir um caminho de desarmonia, porque está a facilitar a invasão da privacidade que mantém a paz na vida a dois.

O mesmo acontece entre pais e filhos. Um filho deve sempre respeitar a privacidade do seu progenitor e vice-versa, mas neste inverso, enquanto o filho é menor, por vezes perde-se a noção entre orientar, proteger e invadir.

Nunca se deve tentar ser o outro ou saber tanto quanto o outro, ou perde-se a magia. As pessoas alegam que é importante ser-se conhecedor do todo que o outro é para nós… engano o de quem pensa que invadir é uma forma de amor.

Ao chegar até à idade que me acompanha, ao privar diariamente com pacientes, percebo que o erro da maior parte das relações, entre casais, ou até mesmo entre pais e filhos, é a quebra da privacidade.

E, depois de quebrado, este processo de invasão alheia torna-se num vilão que desmantela a confiança, a convivência, a saúde física e acima de tudo a emocional. Ser-se e ter-se privacidade é ter paz pessoal, é ser capaz de dar e transmitir ao outro confiança, harmonia, equilíbrio e acima de tudo respeito pela sua individualidade ÚNICA.

Cada vez mais ao estudar sobre nutrigenética, vou-me dando conta como os fatores epigenéticos influenciam a nossa vida. Comparo o direito à privacidade, com o papel seletivo e depurativo do nosso intestino. Se algo estiver errado, começamos a adoecer de forma silenciosa e lenta.

Afinal, somos 2% genótipo e 98% fenótipo. O nosso ADN é constituído por processos de evolução feitos por tudo aquilo que está ao nosso redor e nos molda.

Está em nós a capacidade de saber interpretar e decidir se queremos ter saúde, ou doença.  Ser feliz faz parte deste processo contido no nosso fenótipo, o qual nos dá o direito de sermos e termos preservada a nossa paz e a nossa privacidade.

Pense nisso e faça a sua parte. Construa o respeito por si. Para se receber, é preciso primeiro dar.

Sobre o autor

Paula Mouta

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