TUA PRESENÇA AUSENTE

Querido leitor.
Pessoas chegam e saem de nossas vidas em tempo que não pertence nem à elas e nem a nós. Ocupam espaços por vezes vazios, outras vezes até ocupados porém indecisos, complicados, espaços em corações dispostos a tentar… Tentar amar, tentar viver, tentar deixar e até esquecer, mas tentar acima de tudo ser compreendido, acolhido. E é sabido por todos que em uma relação a gente não começa pensando em “quando” ou “se” ela um dia vai terminar, bem ao contrário, a gente entra na relação disposto a tudo, começamos simplesmente deslumbrados pelo outro, e mesmo que não conheçamos muitos detalhes essa pessoa passa a ser o melhor de tudo que já vivemos. A gente vibra e jura que é pra sempre! De um momento ao seguinte nos encontramos fazendo planos, pensando em fazer o possível e o impossível para agradar, causar uma boa impressão, nos pegamos sonhando acordados! É maravilhoso. Um sentimento que dá total razão aos nossos dias que talvez até não estivessem lá tão bons mas que ao sentir palpitar o coração e divagar nossa mente tudo começa a fluir de uma forma inexplicável, encontramos soluções até para aquilo que nos parecia já perdido, trabalhamos contentes, sorrimos feito bobos, cantarolamos sem nos importar com mais nada. A chegada do amor em nossas vidas faz isso, nos transforma em uma versão bem melhor de nós mesmos! Mas, e quando esse sentimento se transforma em algo que é difícil explicar, mais difícil ainda sentir, quando não se pode entender? Aí é que a gente começa a questionar até a própria existência. Dói muito! Talvez seja essa uma das maiores dores, um desafio inominável pelo qual acredito eu ninguém desejasse ter que passar. Uma prova desleal! Isso porque é justamente no momento em que se está sofrendo com o término de um relacionamento que é exigido da gente por todas as circunstâncias, que se tenha calma, mantenha a serenidade e o devido discernimento para entender que cada um tem o seu tempo, as suas vontades, suas escolhas, as suas próprias necessidades, é preciso discernimento para não enlouquecer, pois certo é que seguiremos vivos apesar dos pesares. Uma peça quebrada que precisa conserto! E acredite… A gente consegue. Se reconstrói e se fortalece. A gente aprende! Óbvio que num primeiro momento acha tudo horrível, quer morrer, literalmente deseja que o outro morra, enfim um drama necessário com base real em um sofrimento que é unilateral, digo isso porque normalmente quem deixa essa relação tem uma visão e um sentir bastante diferente do outro, aquele que pensava ser possível prosseguir e tentar “ajeitar” as coisas. Na verdade, na grande maioria das vezes os fatores para esse término são muitos, talvez esse amor não fosse assim tão forte e significativo para ambos, uma parte se doava muito a outra nem tanto, os objetivos que no início estavam alinhados foram mudando com o decorrer do tempo. E talvez não tenha sido nada disso! Simplesmente acabou. Um ciclo na vida dos dois se fechou, foi cumprido da melhor forma que ambos conseguiram e agora é hora de deixar ir, seguir adiante. Por mais difícil que seja é indispensável, no entanto, conversar de maneira transparente, sem acusações nem ressentimentos, talvez seja quase impossível de início mas é com certeza a melhor, talvez a única forma de conseguir sarar as feridas e seguir em frente. Liberte as suas dores, deixe cicatrizar o que não cabe mais em sua vida e nem na vida do outro. Outros amores sempre existirão e para que se possa encontrar e vivenciá-los por inteiro é preciso estar aberto, mente limpa e com o coração leve! Acredite… Nem tudo que acaba foi erro, e nem sempre estaremos certos. Pense nisso. Viva bem, seja feliz!

TUA PRESENÇA AUSENTE…
“ Sei que já é tarde e não vou me demorar, só queria dizer que estou com saudade, que sinto tua falta. Impossível dormir. Meus olhos se fecham mas a mente não para. Tudo me vem em pedaços, antes alegria e agora apenas tormentos que levam a minha paz. E se foram teu sorriso, as palavras, teu flerte comigo quando ainda me amava – se é que me amava – hoje já não posso afirmar, o cheiro do teu perfume e por último então… Restou o adeus que me disse sem olhar para trás. E foi o que mais doeu. Tenho agora um corpo exausto que já não me carrega, apenas me arrasta de um canto ao outro sem ânimo, perambula pela casa que outrora percorremos com calma, sim, de um jeito só nosso, nos entregando um ao outro, fazendo do nosso amor tudo que havia de mais importante. E era! Ao menos pra mim. Disfarço e tento me libertar, é difícil não entendo o que eu fiz, se é que fiz, não lembro de nada, talvez porque eu nada tenha feito que te magoasse e tu simplesmente partiu, saiu em silêncio… Sem explicação alguma. Estou com saudade e não sei ao certo do que, talvez seja saudade de tudo de nós, coisas só nossas que fico aqui remoendo e me dói saber que não será mais possível… Te perdi e infelizmente é tarde, não estarei mais contigo. Me pergunto por quê? Eu que tanto te amei, me doei, fiz por ti o que jamais ousei pensar em fazer por ninguém, nem mesmo por mim. Será que foi isso? Fui sempre demais, me iludia em não ver que de ti nada tive, fingia presença tão ausente de tudo… Gostaria que dissesse, ao menos falasse comigo, que me desse um motivo, uma razão e mais nada. Preciso que arranque daqui o peso desse desentendimento, é um pesar estranho que açoita tudo em mim sem razão aparente e não ter a resposta pra isso que estou sentindo é tornar-me culpado por erro que não foi meu, um mal que não cometi pois se eu algo tivesse feito saberia, sentiria diferente, talvez até… Sentisse raiva de ti. Não sinto! E isso também dói porque na verdade ainda te amo. Me odeio ao mesmo tempo! Levastes de mim apenas teu corpo , e a bagagem de uma vida no entanto, deixastes aqui comigo… Ocupando todos os espaços, meus e da casa também! Ainda assim me sinto vazio. Estou farto de tudo, cansado e sem rumo. Já é tarde. Tarde pra nós, acabou nossa história, terminou o amor em dias sem glória, passos no escuro, minha vida sem chão, meu peito em pedaços em plena aflição… Nada em mim faz lembrar aquilo que um dia eu fui. Em tudo eu ainda busco por ti, preciso recomeçar mas… De que jeito!? Talvez da única forma que me é permitido. Desde o começo!”
