RESPIRA E VAI
O tema da aula era desapego. Sou aquele tipo de pessoa que fica matutando muito tempo depois de um curso, uma palestra, uma música, um livro. Certos assuntos me transportam para um outro lugar. E isso é bom. Ouço mundo afora que tudo passará mesmo. De – sa – pe – gar. É isso!
Acho que o verdadeiro desapego está em sentir a vida aos goles. A conta gotas, sabe? Hoje assim. Opa! Muito bom. Amanhã já não será mais. Ótimo também. Serenidade. Confiança. Retidão no caminho. Sem desculpas ou aborrecimentos. Viver.
Ouvi Fernanda Takai esses dias e fiquei pensando.
“Eu não vim aqui. Pra entender. /Ou explicar. Nem pedir nada pra mim. /Não quero nada pra mim.”
Será que eu – e você também -, reles mortais, somos capazes de viver assim, relaxados, entregues, gratos e perseverantes? Porque desapego é isso. Faça o que dá – bem feito. O resultado você entrega. E boa.
A gente passa séculos se apegando ao trabalho, à situação financeira, à cidade que moramos, aos nossos filhos, amores. E vem a vida e pá: mudança de planos, hora de dar tchau. E a gente tem que dar, por bem ou por mal. Desapego é ir por bem. Sensatez.
E olha, eu tô achando que vale muito a pena, viu? Soltar mesmo, relaxar. Já planejei muita coisa e na hora H foi tudo diferente. E foi bem melhor. Mas é depois de algum tempo que este entendimento acontece. Porque na verdade, é isso, não temos o controle de nada e o que acontece é o que precisamos naquele momento. NAQUELE, porque NESTE, já mudou. Estão, eu nem penso.
Meu gato, meu carro, meu cabelo, meu celular, até esse texto aqui, é provisório, passageiro. Então eu aproveito, curto mesmo. E bora! A vida tá passando. Só vai. Desapego: agradeço, faço bom uso e pronto. Saio para o abraço. Em outro lugar, outro tempo, outra história. Fui.
